sexta-feira, 30 de junho de 2023

Olhando o céu

É possível realizar interessantes observações astronômicas mesmo com instrumentos com objetivas (no caso de telescópios refratores), ou espelhos (no caso de telescópios refletores) de baixas dimensões. Em tempos de mega telescópios orbitais como o Hobble e o James Webb, pode parecer sem sentido utilizar-se pequenos instrumentos na superfície do nosso planeta para se estudar os corpos celestes. De qualquer maneira, com os pequenos telescópios atuais disponíveis no mercado, no qual se acoplam facilmente sistemas de registros fotográficos, obter belas imagens de planetas e estrelas pode ser uma tarefa relativamente simples e bastante prazerosa. Um exemplo de fotos que podem ser conseguidas é mostrado abaixo. Trata-se da fotografia da superfície lunar obtida com um pequeno telescópio no Observatório Ferrucio Ginelli, da Seara da Ciência, equipamento de divulgação científica da Universidade Federal do Ceará.


Fotografia da superfície lunar, Seara da Ciência - Universidade Federal do Ceará.

Entretanto, mesmo na época em que não havia câmeras fotográficas que registrassem imagens digitais com qualidade, era possível se fazer boas e interessantes observações astronômicas, seja de eclipses (ver, por exemplo, a postagem de 06/07/2022 desse blog), seja de conjunções, seja de fenômenos transientes lunares (TLP), entre outros. Na figura abaixo apresento detalhes de observações que realizei no longínquo ano de 1984 com um telescópio refrator de 60 mm de diâmetro. É possível notar-se detalhes sutis das sombras das crateras e de montanhas que encontravam-se próximas do terminador, ou seja, da região lunar limítrofe entre a noite e o dia. O desenho superior à esquerda representa a região da cratera Moretus tal como observada no dia 02/11/1984 entre 19:20 e 19:40 no tempo local (TL). O desenho inferior à esquerda representa a região de Casatus, tal como foi registrado no dia 03/11/1984 entre 19:30 e 19:40 TL. O desenho do meio representa parte do terminador (colongitude 80 graus) mostrando Grimaldi e Hevelius, como observado em 09/09/1984. O desenho superior direito apresenta uma série de crateras observadas no terminador no dia 06/10/1984 e o desenho inferior à direita apresenta o terminador no dia 07/11/1984, com destaque para muitas elevações na região ao sul de Betinus.
Desenho de crateras e montanhas lunares localizadas no terminador em diversos dias do ano de 1984 (desenhos Tarso Freire, com grafite e tinta guache).