sexta-feira, 13 de julho de 2012

Enceladus

Enceladus é um satélite de Saturno descoberto por William Herschel em 1789. Sua órbita é muito próxima ao planeta (3,94 raios de Saturno), o que faz com que a sua observação seja bem difícil. O período orbital do satélite é de 1,37 dias. Medidas através de radiação infravermelho indicam que a superfície é composta quase que exclusivamente de gelo de água, embora haja indícios de existência de gelo de amônia. A Voyager encontrou-se com o satélite em 1981, determinando que o seu raio é de 252,1 km (atualmente acredita-se que o seu diâmetro possa ser de até 500 km), além de ter descoberto que seu albedo é bem alto, o que é consistente com uma superfície composta por gelo e neve (na verdade, é o corpo do sistema solar com o maior albedo conhecido). Alguns modelos apontam que Enceladus é o maior responsável pela existência do anel E de Saturno. Muitas hipóteses existem para explicar o mecanismo de ejeção de materiais de Enceladus para o anel E: geysers, vulcões, impactos de meteoritos, colisões entre Enceladus e o anel E, etc. A missão Cassini-Huygens, a maior missão internacional de exploração planetária - que entrou em órbita de Saturno em 01 de julho de 2004, investigou o planeta e seus satélites por cerca de quatro anos. Os resultados obtidos apontam que Enceladus é um satélite geologicamente ativo. Em particular, foi descoberto que o polo sul do satélite é uma fonte de gás e de poeira, provalmente oriundo de depressões observadas em sua superfície. O equipamento Cassini's Composite Infrared Spectrometer (CIRS) detectou emissão térmica de 3 a 7 gigawatts oriundo do polo sul do satélite. Assim, Enceladus, fora a Terra e o satélite joviano Io, é o único corpo planetário sólido que comprovadamente possui uma atividade geológica que produz calor suficiente para ser detectado por uma sonda remota.

É interessante notar que os dados conseguidos pela missão Cassini-Huygens continuam a ser estudados e diversas informações novas a respeito do satélite aparecem até hoje [atualizado em maio de 2015] na literatura especializada. Novos estudos mostram, por exemplo, que a morfologia da superfície difere fortemente de região a região do satélite, bem como a superfície de Enceladus difere bastante da superfície de outros satélites de Saturno. Também se sabe que o satélite apresenta geysers ativos localizados principalmente em grandes fraturas paralelas, batizadas de "listras de tigre" (tiger stripes); estas fraturas na superfície de Enceladus (denominadas de Alexandria, Cairo, Baghdad e Damascus) se estendem por até 100 km de comprimento, o que é uma distância considerável para a dimensão do satélite. Um registro curioso foi publicado por Martens et al. em janeiro de 2015 sobre a distribuição espacial de blocos de gelo no polo sul de Enceladus. Esses autores mapearam a localização de mais de 100.000 blocos de gelo em torno do polo sul do satélite, bem como tentaram identificar a origem dos mesmos. A partir de uma série de fotografias e com o auxílio de modelos matemáticos, os autores foram levados à conclusão de que os blocos de gelo são originados principalmente por grandes erupções criovulcânicas e por distúrbios sísmicos na superfície do satélite. 

Outras leituras:
1. J.R. Spencer et al. Cassini Encounters Enceladus: background and the discovery of a South polar hot spot, Science 311, 1401 (2006).
2. B.A. Smith et al. A new look at the Saturn system - The Voyager 2 images, Science 215, 505 (1982).
3. H.R. Martens et al. Spatial distribution of ice blocks on Enceladus and implications for their origin and emplacement, Icarus 245, 162 (2015).

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