A Astronomia nos mostra nossa insignificância diante da imensidão do universo. Somos viajantes que chegaram há pouco tempo e em breve teremos que partir. Ou nas palavras de Shakespeare, somos como "um ator que treme e freme o seu papel no palco; as luzes serão apagadas, as cortinas cerradas e tudo estará em silêncio novamente." Nesse átimo de tempo, eventualmente, teremos a sorte de enxergar algumas das maravilhas da natureza. Os eclipses lunares, certamente, estão entre esses fatos espetaculares.
No dia 06 de julho de 1982, portanto há exatamente 40 anos, ocorria aquele que foi considerado como um dos mais belos eclipses do século XX. Como tive a sorte de observá-lo e de fazer alguns registros, reproduzo-os a seguir. A equipe era composta, além de mim, por Francisco Antônio Gomes, Hélio Freire e Silva e Helder Emanuel Freire. As observações foram realizadas com um telescópio Tasco 60 x 700 mm, com uma ocular de 20 mm. Para se conseguir algumas fotografias, como a que aparece na Figura 1, utilizou-se um adaptador no local da ocular, que acoplava-se a uma máquina fotográfica reflex Pentax. Como não sabíamos exatamente o tempo de exposição a ser utilizado nas fotos, elas foram tiradas com diferentes valores. Muitas delas ficaram superexpostas, mas isso só foi percebido no dia posterior quando as mesmas foram reveladas (nessa época não havia fotografia digital, ou pelo menos, elas não eram disponíveis comercialmente). O primeiro contato da sombra foi registrado às 5 h 31 min 30 s (TU), estando a visibilidade regular, com algumas nuvens esparsas. O segundo contato da sombra deu-se às 6 h 40 min 11 s, com a visibilidade já estando boa, sem nenhuma nuvem para atrapalhar a observação. Ao longo da madrugada foi possível registrar a entrada na sombra (primeiro e segundo contatos) das seguintes crateras: Riccioli, Grimaldi, Kepler, Aristarchus, Schickard, Copernicus, Eratostenes, Tycho, Plato, Proclus e Cleomedes. Na escala de Danjon encontramos para a coloração da Lua 2,5, visto que ela apresentava-se com uma cor entre o vermelho ferruginoso e um vermelho tijolo. As observações prosseguiram até às 08 h 20 min (TU), quando já não tínhamos mais horizonte para observação (essas informações foram publicadas no Boletim Zodíaco da Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia, no número de Agosto de 1982).
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